Minha lista de blogs

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O COELHO, A RAPOSA E O ESPANTALHO




O COELHO A RAPOSA E O ESPANTALHO 
Adaptação 
Nicéas Romeo Zanchett 
                O sonho da ladina raposa era cravar os dentes no pequeno coelho. Mas este era tão esperto e tão vivo que  ela nunca conseguia. Ele tinha muita habilidade em escapar das costumeiras armadilhas feitas pela sua tradicional inimiga. 
                 Percebendo que não conseguiria pegá-lo, a raposa resolveu mudar sua tática; quis fazer-se de sua amiga e, um certo dia, convidou-o para ir almoçar em sua casa. Ele porém não aceitou, pois logo viu que o seu corpo ia servir para o saboroso prato da festa. 
                 Cheia de raiva pela recusa, a falsa amiga teve outra ideia muito engenhosa. Foi até a casa do sapateiro e roubou uma tigela cheia cola e com ela lambuzou o espantalho que estava espetado perto da cerca que separava a casa do matagal. Feito isso agachou-se por detrás de uma moita, no meio do matagal e ficou à espera do coelho. Não demorou e o coelho, que passava por perto, viu o espantalho e se aproximou; sentando-se nas patas traseiras e falou de forma muito amável: 
                 - Bom dia senhor!  que linda manhã que faz hoje, não lhe parece? 
                    Com era de se esperar, o boneco não respondeu nada. 
                    - Estás surdo, senhor? Queres que te fale mais alto?
                     Deu-lhe novo bom dia, mas desta vem em altos berros, e o espantalho nada de responder. O sr. coelho, piscando o olho maliciosamente, aproximou-se e, com uma patinha, empurrou-o suavemente. Mas, que desgraça! Quando puxou de volta sua patinha não conseguiu solta-la, pois tinha ficado presa na cola.
                    - Deixe-me! solte-me!, ou então vais apanhar!, gritou o coelho, muito zangado, e logo a seguir deu-lhe com a outra pata que teve a mesma sorte que a primeira. Furioso, sacudia-se cada vez mais, e assim acabou totalmente preso ao espantalho. 

                    A raposa que a tudo observava, aproximou-se. 
                    - Olá sr. Coelho, disse ela em ar de zombaria. O que é que lhe aconteceu, meu caro amigo? 
                    E, cheia de alegria e prazer, rebolava pela grama, dando enormes gargalhadas. 
                    - Gostaria muito que viesse almoçar comigo, vai ter coelho assado. Seu mal criado, não vais me fazer de oba outra vez! .... Quem mandou conversar com um espantalho, seu imbecil! Mas não se preocupe, vais sentir um belo calorzinho na hora em que eu estiver cozinhando o almoço!
                   O pobre coelho a tudo ouvia calado e trêmulo. Depois, quando já tinha um plano, disse-lhe em tom humilde: 
                   - Não me importo, senhora raposa; só o que lhe peço é que não me coloques daqueles espinhos que servirão de lenha. 
                    - Não, não se preocupe que não vou assa-lo; não quero ter o trabalho de arranjar lenha, prefiro enforcá-lo. 
                    - Enforcar-me ou atirar-me ao rio, tudo me é indiferente; mas tenha compaixão de mim e não me coloque em cima daquelas urtigas. 
                   Era tal a aversão que a raposa tinha pelo coelho, que, toda desesperada, deu-lhe um forte puxão no rabo e fê-lo cair entre os espinhos. 
                    O coelho não perdeu tempo e embrenhou-se pelo matagal e, quando a raposa viu a ramagem se mexendo demasiadamente, aproximou-se para ver se era mesmo o coelho que estava escondido. Estava a espreitar, cheia de curiosidade, quando ouviu que alguém a chamava. Voltou-se  e viu o coelho sentado no tronco de uma árvore, limpando a pela com um pequeno galho.
                   - Senhora raposa, nasci entre matagais  e entre matagais tenho vivido, gritou-lhe o coelho rindo muito; e fazendo uma pirueta, despareceu mais veloz do que um raio. 
Nicéas Romeo Zanchett 


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O REI AVARENTO E SEUS FIGOS - Por Nicéas Romeo Zanchett


O REI AVARENTO E SEUS FIGOS
De contos do Talmud 
Por Nicéas Romeo Zanchett 

                 Houve um rei avarento que tinha muitas figueiras plantadas em seu pomar e medo que roubassem seus figos. Decidiu que deveria manter guardas durante  24 horas. Mas ele temia que os próprios guardas o roubassem. Por isso resolveu ter apenas dois, sendo um cego e outro coxo. E assim fez. 
                 Passados alguns dias, o rei foi ver como estava a proteção de seus figos. Chegando ao pomar, logo percebeu que lhe haviam roubado, pois muitos frutos tinham desaparecido. Chamou logo seus dois guardas e perguntou como isso tinha acontecido. 
                  - Eu não sei, disse o cego, pois não vi nada.
                  - Eu também não sei, disse o coxo.
                  O rei então lhes disse:
                   - Como isso é possível?  se aqui não entrou ninguém, só pode ter sido vocês mesmos que roubaram meus figos. 
                    O coxo logo se defendeu dizendo: 
                    - Eu não podia apanhar o figos porque só tenho uma perna e não consigo subir em árvores. 
                     - Eu também não podia roubar seus figos porque não os vejo. 
                     Mas o rei que era muito esperto, logo descobriu que o cego tinha segurado o coxo de forma que este apanhasse os figos. Portanto tinha sido um trabalho em conjunto; o coxo teria se valido das penas do cego e o cego dos olhos do coxo.  E então os dois foram castigados. 
Nicéas Romeo Zanchett 
.
MORAL DA HISTÓRIA
Quando se trabalha em conjunto, tudo é possível e mais fácil. 
.
LEIA TAMBÉM >>> AS FÁBULAS DE ÊSOPO

O URSO E A RAPOSA - Por Nicéas Romeo Zanchett


O URSO E A RAPOSA 
De Contos do Talmud
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                Houve um urso que era amigo de uma raposa. Um dia, os dois saíram para passear e ao passarem diante de uma linda casa, sentiram um apetitoso cheiro de comida. A raposa, que era muito esperta, sugeriu ao companheiro que deveriam ir até àquela cozinha e roubar qualquer coisa para comer. O urso aceitou, mas quando estavam na cozinha entrou o cozinheiro e os apanhou em flagrante; este apanhou uma grande faca e expulsou os dois intrusos. 
                 Depois dessa tentativa fracassada, o urso ficou muito zangado com a raposa e até ameaçou matá-la. Mas sua astuta "amiga" disse-lhe: 
                  - Calma! Não fique zangado e nem  vamos desanimar por causa disso. Vou levá-lo a um lugar onde encontraremos muito o que comer. 
                  Quando a noite chegou e a lua apareceu, a raposa levou o urso até um poço de água, muito fundo, e mostrando-lhe o reflexo da lua na água, disse-lhe: 
                   - Olha lá no fundo e veja que belo queijo nos espera; vamos até lá buscá-lo e teremos uma farta refeição! 
                   Então a raposa apanhou um balde atado ao extremo de uma corda e disse ao urso que fizesse o mesmo, e que também entrasse no balde que estava amarrado na ponta de outra corda; garantiu-lhe que assim os dois estariam seguros para voltar à superfície. Como a raposa era muito leve, teve de colocar algumas pedras no balde para forçá-lo a descer. E os dois desceram até o fundo do posso. Quando chegaram ao fundo, a raposa retirou as pedras e naturalmente voltou para a superfície; já o urso, que era muito pesado, ficou no fundo do posso e morreu afogado. 
.
MORAL DA HISTÓRIA
É preciso tomar cuidado com falsos conselhos; muitas vezes tem o objetivo de nos levar à ruína. 
Nicéas Romeo Zanchett 
.
LEIA TAMBÉM >>>>>>> POESIAS SELECIONADAS PARA CRIANÇAS

O LEÃO, O COELHO E A CORÇA - Por Nicéas Romeo Zanchett




O LEÃO, O COELHO E A CORÇA  
 fábulas
  Por Nicéas Romeo Zanchett 
                Como sabemos, o coelho é um animal pequeno e frágil, mas muito esperto; tão esperto que nem o leão consegue competir com ele. 
                Houve uma certa ocasião em que o leão roubou o filhote de uma corça, dizendo que era seu filho, e não queria devolver para a legítima mãe. 

                A corça, inconformada e desesperada, pediu auxílio aos animais da floresta, mas todos tinham muito medo de ir falar com o leão, que afinal é o rei. Ela então foi falar com um pequeno coelho, que lhe parecia muito esperto e astuto, dizendo-lhe: 
                - Senhor coelho, já chamei todos os animais da floresta para uma reunião amanhã em frente à minha casa. Iremos debater sobre os abusos que o leão está cometendo contra nós e conto com sua presença. 

                O coelho não lhe disse nada, mas, depois  que ela foi embora, escavou uma passagem subterrânea que ia de sua casa até uma saída bem distante, escondida entre os arbustos.  
                 No dia e hora marcados, os animais compareceram à reunião e, em conselho, depois de muito escutarem os argumentos contra e a favor, declaram que a razão devia ser do leão. Nenhum deles teve coragem de falar o que realmente pensava, pois tinham medo das possíveis represálias do leão, que lhes lançava olhares assustadores. 
                 Quando tudo parecia decidido, eis que se ouviu a voz do coelho gritando de seu esconderijo: 
                 - Trapaceiros medrosos! a corça tem razão, e o leão é um ladrão malvado e covarde!
                 Ao ouvir isso, o leão ficou furioso e lançou-se sobre o coelho, mas este escapou correndo pela sua passagem secreta e foi sair atrás do arbusto, desaparecendo completamente. 

                 - Há de morrer de fome, seu imbecil!, rugiu o leão. E ficou junto à casa do coelho esperando. Esperou, esperou e nada do coelho. Passaram muitos dias e o leão já estava fraco por não se alimentar, mas não queria ceder. Ele sabia que se saísse dali para procurar alimento, o coelho escaparia. 
                  E ali fico até morrer de fome, e então a corça pode finalmente ficar com seu filhinho. A partir daquele dia a floresta ficou mais segura e a corça e o coelho tornaram-se grandes amigos. 

Nicéas Romeo Zanchett