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domingo, 30 de agosto de 2015

O ESPELHO DO JAPONÊS


Um conto japonês
 Por Nicéas Romeo Zanchett 
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              Numa pequena aldeia japonesa vivia um casal que muito se amava e estavam sempre felizes. 
              Todos os dias o marido  saía muito cedo para trabalho caminhando pela rua onde poucas pessoas encontrava. 
              Tudo corria às mil maravilhas até que num certo dia, quando andava pensativo e olhando para o chão, encontrou um pequeno espelho de bolso. Imediatamente abaixou-se e o apanhou. Qual não foi seu espanto quando ali viu a foto do seu velho pai já falecido. Depois de muito olhar e matar a saudade embrulhou aquele pequeno tesouro num lenço e o guardou no bolso para que ninguém mais o vice. 
              A noite, ao voltar para casa, tratou de esconder seu precioso retrato. Escolheu um local onde ninguém imaginaria encontrar algo: atras de um armário antigo que havia na cozinha. 
              Todos os dias, antes de sair e quando chegava do trabalho, dava um jeito de ver a fotografia sem que sua mulher percebesse. 
               Sua mulher já andava desconfiada com alguns novos hábitos do marido, mas nada falou. Até que numa noite ficou espionando a chegada do fiel companheiro. Como sempre, ele chegava e ia ver a fotografia do seu falecido pai. Dessa forma ela descobriu que ali havia um segredo. 
              Como todos sabem não pode haver segredo entre marido e mulher japonesa. Todos sabem também que os japoneses são fisionomicamente muito semelhantes e isso muitas vezes causa confusão de identidade.
               Ela esperou o marido dormir e foi ver o que havia de tão importante atrás daquele armário. Ao olhar o espelho seu susto foi imediato; seu marido tinha outra mulher e aquela era a fotografia que provava tal fato. 
                Durante a noite ela não conseguiu dormir e logo pela manhã interpelou o marido; 
                - Então você anda me traindo com outra! e não adianta negar porque tenho a prova.
                - Como pode pensar isto? você é a única em minha vida e sabe muito bem disso. 
                - Mentiroso! Traidor! aqui está a prova; uma foto dela que encontrei atrás do armário. 
                - Calma mulher; esta foto é do meu falecido pai.
                - Como pode ser tão cínico? 
                E a discussão não tinha fim. 

                Naquele momento, por ali passava um velho monge que todas as manhãs andava pela rua meditando e orando. Diante de tão feroz discussão, resolveu intervir para apaziguar o casal. Aproximou-se   e da porta perguntou o que estava acontecendo para tal discussão. 
                A mulher, ainda cheia de raiva, explicou:
                - Meu marido está me traindo com outra; encontrei uma foto dela que ele mantinha escondida atrás do armário. 
                - Deixe-me ver, disse o velho monge. E apanhou o pequeno espelho.
                - Ora, minha senhora, não é nada do que está pensando; Esta foto é do meu irmão, que também era monge e morreu no mar, durante uma tempestade, quando pescava. Esta foto lhe pertencia e deve ser levada ao local onde ele faleceu para que ele finalmente descanse em paz. E foi embora levando a foto que depois atirou ao mar. 
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MORAL DA HISTÓRIA
Às vezes julgamos pelas aparências e não aceitamos explicações. É preciso ter calma e sempre ouvir os dos lado da história para juntos chegar a um acordo. 
Nicéas Romeo Zanchett 

domingo, 12 de julho de 2015

PARÁBOLA DO TALMUD SOBRE A DEMOCRACIA

Embora não pratique nenhuma religião, costumo estudar todas aquelas que procuram transmitir bons ensinamentos com princípios voltados para o bem da humanidade, do amor ao próximo, à natureza e aos animais.
Foi nos meus estudos sobre o Talmud que me deparei com uma interessante fábula sobre a democracia. Ela é bem elucidativa para o momento do Brasil que está mergulhado na corrupção política que desemprega e agrava a fome dos menos favorecidos. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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PARÁBOLA CONTRA A DEMOCRACIA. 
                    Conta-se no Talmud que um velho e sábio rabino chamado Josué afirmava que enquanto as baixas camadas se submeterem à direção das altas camadas da sociedade tudo irá bem. As últimas decretam, e Deus confirma. Dessa forma resulta a prosperidade do Estado. Mas quando as altas camadas, por motivos corruptos ou falta de firmeza, se submetem, ou são influenciadas pelas opiniões das camadas sociais com pouco conhecimento administrativo, é certo caírem juntas; e a destruição do Estado será inevitável. Para ilustrar seu pensamento relatou a fábula da cauda e da cabeça da serpente. 
                    Por muito tempo, a cauda da serpente tinha seguido a cabeça, e tudo estava bem. Um dia começou a estar descontente com este arranjo da natureza, e dirigindo-se nestes termos à cabeça: 
                    - Há muito tempo que observo com indignação o teu injusto procedimento. Em todas as nossas viagens, és tu que tomas a dianteira, enquanto eu, como um criado servil, sou obrigado a seguir-te. És sempre a primeira a aparecer em toda a parte e eu, como um miserável escravo, tenho que andar atrás.  Isto é justo? Não sou eu um membro do mesmo corpo? Porque não poderei dirigi-lo tão bem como tu? 
                    - Tu, exclamou a cabeça, tu, rabo imbecil queres dirigir o corpo? Não tens olhos para ver o perigo, nem ouvidos para te avisarem dele, nem cérebro para o evitar. Não entendes que é para tua vantagem que eu dirijo e o guio pelo melhor caminho? 
                   -  Para minha vantagem, não é verdade, disse a cauda. Essa é a mesma linguagem de todos os usurpadores. Pretendem reger para o bem dos seus escravos; mas não me submeterei mais tempo a semelhante estado de coisas. Insisto que a partir de agora devo tomar a dianteira.  
                   - Pois bem, replicou a cabeça, já que se diz tão competente, que assim seja; mas depois não diga que não o avisei dos perigos. Portanto a partir de agora guia tu e veremos.
                   A cauda regozijou-se e tomou a dianteira. A primeira façanha foi arrastar o corpo para uma fossa de lodo. A situação não era das mais agradáveis. A cauda lutou muito andando sem rumo apalpando os obstáculos que não conseguia ver. Com grande esforço conseguiu sair da lama; mas o corpo estava tão coberto de imundice que nem parecia pertencer à mesma criatura. A façanha seguinte foi enroscar-se sobre cipós e espinhos selvagens. A dor foi intensa; o corpo inteiro ficou ferido gravemente. Aqui teria sido o fim de tudo se a cabeça não tivesse vindo a seu reboque; mostrou-lhe então a melhor maneira de sair daquela situação e assim foram salvos. Mas a cauda não se conformou com seus próprios erros e insistiu em continuar administrando a  dianteira. Continuou a marchar; e quis o acaso que entrasse numa fornalha acessa à mais de mil graus. Em questão de segundos começou a sentir os efeitos do calor que ameaçava destruí-lo em poucos minutos. O corpo inteiro ficou congestionado; foi um lance terrível. Mais uma vez a cabeça veio em seu auxilio na tentativa de salvar a todos. Mas já era bastante tarde e a cauda havia sido consumida pelo fogo. Apesar dos esforços da cabeça, o fogo continuava implacável destruindo rapidamente o resto do corpo. Portanto a cabeça também foi destruída.
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MORAL DA HISTÓRIA : A destruição da própria cabeça foi permitir ser guiada pela cauda. Esse será seguramente o destino das altas camadas se se permitirem serem dominadas pela vontade de políticos inexperientes e populistas. 
NOTA FINAL: O Brasil está vivenciando essa mesma situação por ter entregue seu destino nas mãos de políticos corruptos, populistas, desonestos e incompetentes. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

TIGRE, O PEREGRINO E A RAPOSA.


               Na Índia havia um tigre que costumava atacar os viajantes que passavam pela floresta onde ele morava. As tribos locais então resolveram capturá-lo para evitar uma tragédia, pois o animal estava cada dia mais agressivo. 
              O tigre foi capturado e deixado na beira de um caminho para que lhe fosse fornecido alimento e água. Mas o animal não se conformou e em vão lutava desesperadamente para sair daquela armadilha. 
              Numa certa manhã passava por ali um peregrino que se compadeceu e lhe deu algum alimento, mas o tigre se mostrava furioso e mordia as barras de ferro com raiva, queria sair daquele lugar e voltar para floresta. Depois de comer a porção oferecida pelo peregrino pensou: "este peregrino me parece um bom homem e posso convencê-lo a libertar-me". Então disse ao peregrino:
               - Piedoso homem, solte-me desta gaiola pois preciso voltar para minha família. 
              O peregrino ficou comovido, mas estava com medo daquela enorme fera e disse-lhe:
               - Não posso fazer isso porque que se o fizesse o amigo, que está com muita fome, certamente me comeria.
                - Ora, eu jamais faria isso com uma pessoa tão boa que me tenha ajudado num momento tão difícil, retrucou o tigre. - Pelo contrário, ser-lhe-hei eternamente grato. 
                Tanto chorou, jurou  e suspirou que o peregrino resolveu arriscar-se e libertá-lo. Em seguida deu-lhe de beber da água que trazia para sua viagem. 


             Já em liberdade, o tigre disse: 
              - Lamento, mas estou com muita fome e terei de comê-lo para saciar-me. Na verdade você foi muito bobo em confiar nas palavras de um preso faminto e agora nada pode fazer para impedir-me.
              Em vão o peregrino tentava convencê-lo a seguir seu caminho e voltar para floresta. Resolveu então apelar pela ajuda da árvore que lhes fazia sombra, mas esta respondeu-lhe friamente: 
              - De que se queixa você? Eu estou aqui ha muito tempo, sempre dando sombra a todos que passam sem nada receber em troca. O que me fazem é quebrar meus galhos e arrancar minhas folhas. Você foi um bobalhão e agora não deve chorar por sua ingenuidade.
              O peregrino ficou muito triste com aquela resposta quando avistou, ao lado de um rio, uma vaca que pastava. Resolveu pedir-lhe ajuda, mas o resultado não foi nada melhor. Disse-lhe a vaca: 
             - Você é um tolo se espera por gratidão de alguém. Olhe para mim que forneci leite de boa qualidade aos filhos do meu dono e só recebi capim magro em troca; agora que estou velha e não produzo a quantidade de leite que precisam eles me abandonaram e tenho que comer qualquer coisa para não morrer de fome. 
              O peregrino, não vendo mais ninguém, dirigiu-se à estrada pedindo sua opinião.
               - Meu caro viajante - disse a estrada - noto que é realmente um tolo em imaginar que soltando esta fera teria sua gratidão. Veja o meu caso; estou aqui sendo útil a todos: ricos e pobres, grandes e pequenos, todos passam sempre por aqui e jogam cinzas, pontas de cigarro, latinhas, garrafas descartáveis, lixo de toda a espécie sem se importar como me sinto. 
                Com tantos depoimentos desanimadores o peregrino já se preparava para morrer.
                Atras de uma moita havia uma esperta raposa que a tudo observava sem dizer nada. Vendo a situação do peregrino resolveu intervir. 
                 - E então, senhor peregrino; está parecendo um peixe fora d'água!
                 O peregrino explicou-lhe tudo o que tinha acontecido.
                 O tigre só olhava e esperava o momento de sua farta refeição.
                  Depois de ouvir sua história disse-lhe a raposa:
                 - Mas em que embrulhada o senhor se meteu. Mas faça-me o favor de contar tudo de novo que não entendi nada. Parece uma grande trapalhada. 
                 O peregrino repetiu a mesma história por várias vezes e a raposa sempre dizia que não havia entendido. 
                O tigre já não aguentava aquela história sendo repetida sem que a raposa entendesse. Para abreviar o assunto e poder comer finalmente o peregrino resolveu explicar ele mesmo para que a raposa fosse logo embora. 
                - Esse palerma não está sabendo explicar. Eu estava preso naquela jaula e no momento que ele passava por aqui ficou com pena de mim e me soltou. 
                Fingindo estar com muito medo daquelas garras a raposa disse:
                 - Naturalmente, senhor; finalmente estou compreendendo, mas minha cabeça está um pouco zonza; Vejamos: o tigre estava no peregrino e a jaula vinha passando, Foi isso que aconteceu?  O tigre, já revoltado, mas disposto fazer a raposa entender disse: 
                 - Você é outra estúpida, mas hei de fazê-la entender porque sou muito inteligente. Ouça: eu sou o tigre, esse é o peregrino, e esta é a jaula. Então a raposa percebeu que seu plano estava dando certo e disse: 
                 - Ainda não entendi onde o senhor tigre estava. 
                 Nesse momento o tigre perdeu a paciência, entrou na jaula e disse: 
                  - Estava aqui dentro preso, sua ignorante!. 
                  A raposa imediatamente trancou a parta da jaula e disse: 
                  Agora finalmente entendi tudo e dessa forma as coisa voltam a ser como estavam. 
                 O peregrino agradeceu à raposa e segui seu caminho. 
Nicéas Romeo Zanchett