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sexta-feira, 16 de junho de 2017

O CAMPONÊS E A SERPENTE - Por Nicéas Romeo Zanchett




               Um velho camponês muito bondoso andava pela fazenda quando viu uma fumaça vindo da floresta. Montado em seu cavalo entrou pelo bosque e foi até aquele local para ver de perto o que estava acontecendo. Viu que ali havia uma fogueira acesa e junto a ela uma grande serpente que tentava escapar do fogo. As chamas estavam aumentando e cercando a serpente que tentava fugir da morte certa. Quando ela viu aquele homem arriscou-se a pedir ajuda. 
               - Meu caro senhor, estou desesperada. Preciso de ajuda se não vou morrer.
               - Calma senhora serpente. Não se preocupe que irei ajudá-la. Disse-lhe o camponês. 
               As serpentes tem fama de serem animais perigosos e traiçoeiros por seu veneno mortal. No folclore popular elas passaram a ser consideradas inimigas de todos os outros animais. Mas na verdade elas tem grande importância no equilíbrio da natureza. Se não fosse assim não existiriam. 
               "Quem semeia boa ações sempre colhe bons resultados", pensou o bondoso camponês. Em seguida pegou um saco que trazia consigo e amarrando-o a uma vara comprida estendeu-a por cima das chamas  para a serpente. Esta, já sentindo-se aliviada, pulou imediatamente para dentro do saco. 
             Após tê-la salvo da morte, o camponês já se preparava para partir e então disse à serpente: - Agora pode continuar seu caminho e cumprir seu destino junto a toda essa natureza. Pensou consigo mesmo que, apos este episódio, a serpente teria alguma gratidão para com os homens.
               Estava saindo quando a serpente o interpelou: - Espera um pouco senhor bom feitor. Eu preciso cumprir meu destino antes que se vá.
               - E que destino é esse de que falas? 
               - Senhor, vou inocular meu veneno em seu cavalo e no senhor. 
               - Mas isto é ingratidão, respondeu-lhe o camponês. 
               - Ora essa! pagar boas ações com más ações e benefícios com ingratidão é o que o senhor e todos os outros humanos fazem todos os dias. 
               - Dizes isso, mas não podes provar; é uma afirmação caluniosa, respondeu-lhe o camponês. Se conseguir provar aceitarei seu castigo e pagarei pelas culpas de meus semelhantes. 
              - Eu aceito o desafio e provarei o que estou afirmando. Vamos ouvir o que diz aquela vaca leiteira que está li pastando. E juntos foram até a vaca e pediram sua opinião.
             A vaca então lhes falou: - Eu tenho uma triste experiência; sempre fui explorada pelo meu dono; tenho sido-lhe útil fornecendo-lhe leite, manteiga, queijo; mas agora que estou velha e que já não consigo ser como antes, ele me pôs para pastar e engordar, pois vai me mandar para o açougueiro que irá matar-me e assim poderá comer minha carne. Isso certamente é que se chama de pagar o bem com o mal. 
                Diante de tal declaração a serpente, tomando a palavra disse:  
                - Que me dizes agora bondoso camponês? Devo seguir seu costume e tratá-lo como devo. 
                O camponês, bastante intrigado com a resposta da vaca, pensou rapidamente e respondeu: 
                - Isto só pode ser um caso isolado, vamos buscar outra resposta. 
                - Com todo o gosto, respondeu a serpente; interroguemos esta árvore que aqui está. 
                A árvore que havia testemunhado toda aquela discussão, deu seu parecer sem exitar: 
                - Há muito tempo que cheguei à conclusão que os homens sempre pagam boas ações com más ações. Eu dou abrigo a todos os viajantes que passam por aqui; dou-lhes sombra, deliciosos frutos para comer e um ótimo líquido para beber; e, contudo esquecem disso e cortam meus galhos para fazer cabos de ferramentas e até lenha para suas fogueiras; sei também que meu destino é o mesmo de outras irmãs que tiveram seu corpo fatiado em tábuas na serraria. Acho que isto é a mais covarde das formas de pagar o bem com o mal. 
                Naquele momento passava por ali um velho cão. A serpente então dirigiu-se  a ao animal andarilho e pediu: 
                - Senhor cão, gostaríamos de ouvir a sua história de vida. 
                Um pouco espantado com tal pedido ele assim falou:
              - Minha história de vida?  Acho que não vai gostar, pois é muito triste. E continuou: Passei toda a minha vida ao lado de um fazendeiro. Todos os dias saíamos para caçar e eu o ajudava sempre, muitas vezes correndo grandes riscos. Sempre que ele estava por perto eu mostrava minha alegria abanando minha cauda. À noite ficava de plantão, tomando conta da casa, para que ele pudesse descansar sem perigo. Agora que estou velho ele me mandou ir embora e cuidar da minha vida. Neste momento estou indo para a floresta onde pretendo morrer em paz. 
                A serpente então perguntou ao camponês se ele estava satisfeito ou queria outra prova.
                 Diante de tantas provas o camponês estava totalmente confuso e sem argumentos. Mesmo assim, esperando escapar ao perigo de ser picado, disse o seguinte: 
                 - Peço mais um favor e prometo que será o último: Quero ser julgado pelo primeiro animal que encontrarmos. Gosto muito da minha vida e não quero perdê-la por ter-lhe feito um bem. 
               Neste momento eis que surge uma velha raposa que costumava andar por ali. A serpente então deteve-a para por fim à discussão. 
        A raposa quis saber qual o assunto que os incomodava tanto, ao que o camponês prontamente respondeu: 
                - Eu salvei esta serpente da morte na fogueira e em retribuição ela quer picar a mim e ao meu cavalo; e ainda diz que é a forma certa de retribuir o bem que lhe fiz. 
           - Se ela quer proceder contigo como procedes com os outros é melhor não pedir nada extraordinário, respondeu a raposa; mas para que eu cabalmente possa servir de juiz, diga-me qual o serviço que lhe fizestes. 
                Pensando que esta seria a oportunidade de defender-se, o camponês contou-lhe tudo o que se passara; disse que tinha salvo a serpente da morte e agora ela estava querendo vingança. 
               - O que! disse a raposa com uma gargalhada;    Queres então que eu acredite que uma serpente tão grande coube nesse saco tão pequeno? Isto é impossível! 
               Tanto o camponês como a própria serpente lhe afirmaram que fora exatamente assim.; mas a raposa não quis acreditar. Por fim disse: 
                - Não adianta insistir que nenhuma palavra irá me convencer; mas irei acreditar se a serpente entrar novamente no saco e então darei minha opinião. 
                 - Com muito goto, respondeu a serpente, e em seguida entrou no saco.
                 Então a raposa disse ao camponês: 
                 - Agora tens em teu poder a vida do teu inimigo; e a mim parece que não te custará muito decidir o que deves fazer a um monstro tão ingrato. 
                 O viajante então, atando a boca do saco, passou a bater com uma vara até esmigalhar a serpente. 
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MORAL DA HISTÓRIA: É preciso ter prudência e não confiar nas boas intenções de um inimigo.
Nicéas Romeo Zanchett

domingo, 11 de junho de 2017

A HISTÓRIA DE SANSÃO E DALILA - Por Nicéas Romeo Zanchett


Adaptação de Nicéas Romeo Zanchett 
A RIXA DE SANSÃO COM O POVO FILISTEUS
                      Por muito tempo os hebreus tiveram que viver sem um rei. Em seu lugar haviam homens sábios e valentes com poderes de juízes que os guiavam na obediência das leis  e os defendiam dos seus inimigos.  Um desse juízes se chamava Sansão que era famoso por sua extraordinária força com a qual defendeu os hebreus contra os filisteus, considerados como maus e cruéis. 
                    Sansão era tão forte que em certa ocasião enfrentou um leão agarrando-o pelas mandíbulas e estrangulando-o como se fosse um cordeirinho. 
                    Seu ódio pelos filisteus não era em vão. Em certa ocasião os cruéis filisteus conseguiram prendê-lo e manietá-lo. Sem reagir, Sansão deixou que fizessem tudo o que quiseram. Mas, depois de bem amarrado, fez um grande esforço e arrebentou todas as correntes como se fosse fios de linha; em seguida apossou-se de uma mandíbula de burro e usando-a como se fosse uma espada matou  mais de dois  mil filisteus. 
                   Em outra ocasião os filisteus preparam-lhe uma armadilha. Era noite e Sansão estava a sós e numa cidade inimiga. Os filisteus o amarraram na porta da cidade e  já contavam alegremente o sucesso de seu feito, certos de que não conseguiria escapar. 
                   Aquela cidade, como tantas outras daquela época, era bem protegida por uma enorme e alta porta, tão alta como a torre de um castelo. Mas nada disso adiantou. Sansão apoiou seu ombro na porta e a arrancou com fechadura de bronze e tudo; em seguida saiu correndo pelos campos dirigindo-se para uma montanha como se estivesse carregando uma cesta de frutas. 
DALILA E SUA TRAIÇÃO 
                 Sansão conheceu uma mulher chamada Dalila e encantou-se por ela. Sua intenção era honesta, mas não sabia que aquela mulher era traiçoeira e perversa. Para enganá-lo, na primeira oportunidade que teve aproximou-se de Sansão fingindo ser sua sincera amiga. Não sabia ele que aquela mulher havia acertado com seus inimigos que iria aniquilá-lo pela quantia de mil moedas. 
                 Depois de se mostrar muito carinhosa, Dalila perguntou-lhe qual o segredo de toda aquela força que possuía dizendo o seguinte: - Sansão, eu o admiro muito por sua força, pois não existe nenhum laço que seja capaz de prendê-lo; você é tão forte que se desfaz de qualquer amarra como se fosse um simples fio de seda; por muito amá-lo gostaria de saber se existe alguma forma de resistência que poderia detê-lo. 

                  Sansão então contou-lhe a seguinte história: - Só existe uma forma de prender-me: Eu não conseguiria escapar se fosse amarrado com sete cordas feitas de pele de boi ainda fresca e úmida; isso me transformaria num homem tão fraco como qualquer um. 
                 Seus inimigos então providenciaram as sete cordas e o amarraram, mas bastou uma pequena sacudidela para que as cordas se rompessem em pedaços. 
                 Mas Dalila, traiçoeira e persistente, tornou a perguntar-lhe como seria possível subjugá-lo. 
                 Sansão então já sabendo que trava-se de uma armadilha  disse-lhe: -Acredito que seria necessário nove cordas em vez de sete. 
                 Voltaram a amarrá-lo e desta vez com nove cordas, mas foi só um pequeno esforço e elas arrebentaram-se em pedacinhos. 
                 Dalila, como sempre muito ardilosa deixou passar algum tempo. Sempre carinhosa com Sansão ela se mostrava a mais fiel das amigas. 
                 O tempo passou e um dia, sem querer,  Sansão deixou escapar seu segredo...
                 - Ora Dalila, minha força está nos meus longos cabelos  que nunca foram cortados.
               Dalila não disse nada. Esperou que ele adormecesse, pegou uma tesoura cortou todo o seu cabelo o mais rente que pode. 
               Ao despertar, percebeu que estava careca; seus cabelos haviam sido cortados e ele perdera sua força. 
               Os filisteus não perderam tempo, trancaram-no num cárcere e lhe arrancaram os olhos. Em seguida levaram-no para um pátio onde havia a roda dos presos. Ali o pobre e infeliz Sansão passava os dias dando voltas como se fosse um cavalo cego! 
                Com isso os filisteus sentiram-se vitoriosos e esqueceram que os cabelos voltariam a crescer e com eles a força de Sansão. Quanto mais seus cabelos cresciam mais aumentava sua força. 
A VINGANÇA FINAL DE SANSÃO
                Chegou o dia em que os filisteus celebrariam seus feitos numa grande festa. Depois de muito terem comido e bebido trouxeram o cego Sansão para para divertirem-se, fazendo dele o alvo de suas zombarias.
                No palácio havia mais de três mil pessoas, contando mulheres e crianças. Todos se divertiam e riam do pobre prisioneiro e de sua desgraça por não poder mais enxergar. Como estava sego Sansão era conduzido pela mão por um pobre garoto filho de escavo. 
                O garoto que conduzia Sansão era seu admirador, mas nada falava para não ter a mesma sorte. Sabendo disso Sansão lhe disse: - Meu amigo, conduza-me até o meio das duas colunas da grande sala para que eu possa descansar um pouco apoiado nelas. Você poderá deixar-me ali e ir brincar com seus amiguinhos que todos estão bêbados e nem irão perceber. Aquelas duas colunas apoiavam a grande abóboda do palácio onde acontecia a festa.

                 Feito isso, Sansão esperou que o garoto se retirasse em em seguida apoiou-se nas duas colunas, concentrou-se e invocou ao seu Deus que lhe restituísse todas as sua forças. Abraçou, então,  as duas colunas ao mesmo tempo e gritou aqui morrerei com todos os filisteus.  Em seguida derrubou as colunas com a abóboda sobre si e seus inimigos filisteus. Ali ficou sepultado para sempre com seus inimigos. 
Nicéas Romeo Zanchett