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sábado, 25 de fevereiro de 2017

A AVIDEZ DA RIQUEZA CONDUZ AO INFORTÚNIO



Por Nicéas Romeo Zanchett 
Inspirado em clássicos universais com fim moral.
                  Em tempos muito remotos, houve um velho carpinteiro que morava à beira do mar; era muito mau, avarento e cobiçoso. 
     Passou a maior parte da vida juntando dinheiro que sempre guardava numa parede falsa ao lado de sua cama. Estava constantemente preocupado que alguém pudesse roubá-lo e então resolveu esconder sua fortuna dentro de um tronco de árvore que sustentava o teto de seu quarto. Achou que assim haveria menor probabilidade de alguém descobrir seu segredo. 
                 Numa tarde de verão começou chover intensamente e o mar tornou-se revolto. Isso não o preocupava porque sua fortuna estava bem escondida. 
              Enquanto dormia o mar transbordou e inundou totalmente sua casa. O velho avarento teve de salvar sua vida e abandonou seu quarto correndo em busca de abrigo em local mais alto. 
            Boa parte de sua casa foi demolida pela força da água e o tronco que guardava sua fortuna flutuou por longo tempo até chegar a uma pequena cidade onde morava um senhor dono de um pequeno hotel. 
              Ao amanhecer de um novo dia, veio o sol. O hoteleiro levantou-se cedo e foi até a praia que ficava em frente ao seu estabelecimento. Logo viu aquele tronco boiando entre as espumas que a maré batia na areia. 
            Inicialmente pensou tratar-se de um simples pedaço de madeira que alguém jogara ao mar. Retirou-o com todo o cuidado e o guardou. Era um homem muito honesto e preferiu não fazer nenhum uso até ter certeza absoluta de que ninguém o procuraria. 
          O tempo passou, chegou a primavera que era época de maior ocupação de seu hotel. Precisava de mais lenha para cozinhar alimentos, pois acabara de chegar um grupo de peregrinos.
          Resolveu então fazer uso daquele tronco de madeira cortando-o em pedaços. Pegou o machado e começo a cortá-lo ao meio. Mas, ao dar a terceira machadada percebeu que tratava-se um um pau oco; percebeu também que dentro dele alguma coisa fazia um barulho estranho que mais parecia um chocalho. 
             Qual não foi sua surpresa ao partir o tronco ao meio quando moedas de ouro rolaram pelo terreno. Ficou muito contente, mas como homem honesto e bondoso, logo imaginou que aquele tesouro devia ter um dono e por isso resolveu guardá-lo até descobrir o legítimo proprietário.
             O ambicioso carpinteiro não teve mais descanso desde o momento em que o mar levou todo o tesouro que tão bem guardou por toda a vida.  Quase enlouquecido caminhava por tudo quanto é lugar à procura de alguma notícia. Já cansado percebeu que ali havia um hotel onde poderia descansar para depois continuar sua busca. 
            Como já estava sem esperança resolveu contar ao velho hoteleiro a sua verdadeira história. O dono da hospedaria logo percebeu que aquele dinheiro era dele, mas resolveu guardar segredo até conhecê-lo melhor. 
           Cansado e com fome o avarento carpinteiro pediu que lhe service  alguma coisa para comer. O hoteleiro, atendendo seu pedido, serviu-lhe três bolos. O primeiro recheou com terra; o segundo com ossos de animais e o terceiro com um pouco daquelas moedas de ouro. 
              - Meu caro amigo - disse o hoteleiro - vamos comer três bolos feitos com a melhor carne da casa. Escolhe o que desejares. O carpinteiro, que sempre queria levar vantagem, escolheu o bolo mais pesado e disse logo: 
              - Minha fome é grande e provavelmente vou ter que ficar com aquele apontando para o que estava recheado de ossos. O senhor que não precisa de muito pode ficar com o terceiro. 
           - Para mim está bem - disse-lhe o hoteleiro. Em seguida chamou alguns mendigos que sempre vinham pedir restos de comida e lhes presenteou com aquele bolo. O avarento carpinteiro disse-lhe: 
               - Se eu soubesse que o senhor não o queria teria ficado com ele para mim. 
               O hoteleiro então partiu o bolo dizendo: 
               - Aqui está uma pequena parte do seu tesouro, seu velho avarento. Percebo que Deus não quer que seja seu e por isso o fez escolher os outros dois bolos recheados com terra e ossos. Então distribuiu pedaços de bolo e as moedas de ouro entre os pobres; em seguida expulsou o velho avarento que saiu esbravejando pragas pelo caminho, cheio de raiva. 
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CONCLUSÃO FINAL
             O carpinteiro, aqui representado, é qualquer homem avarento;
             O tronco da árvore significa o coração humano cheio das riquezas desta vida;
             O hospedeiro é todo aquele que tem bondade e amor no coração para abrigar a todos;
             O bolo de terra é o mundo em que vivemos temporariamente; 
              O bolo de ossos representa os seres, bons ou maus,  que viveram e já morreram sem levar nada; 
              O bolo de ouro representa a bondade que exite em muitas pessoas.
Nicéas Romeo Zanchett 


APROVEITE E CONHEÇA


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O PATINHO FEIO e A VIDA DE CHRISTIAN ANDERSEN

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Adaptação de Nicéas Romeo Zanchett 
A história real do autor de "O Patinho Feio"
                    Hans Christian Andersen nasceu em Odense, na Dinamarca, a 2 de abril de 1805. Seu pai era sapateiro de condição humilde, mas tinha grandiosos sonhos. Alistou-se como soldado para lutar ma guerra napoleônica e um ano mais tarde voltou doente, morrendo logo em seguida. A família ficou na miséria.
                    A mãe de Christian casou-se novamente e o abandonou, tendo ele de virar-se sozinho pela sobrevivência. 
                    Christian era muito sensível, arredio e tinha dificuldade de adaptar-se a qualquer ofício. Gostava de estudar, mas teve de abandonar seus estudos por falta de recursos. 
                    Aos 14 anos de idade Andersen era um rapazinho solitário, assustado com o mundo em que vivia e sem nenhuma ideia de que rumo deveria tomar. Era um verdadeiro "Patinho Feio". 
                   Nessa época, uma companhia teatral, que percorria o interior da Dinamarca, apresentou-se em Odense. Christian Andersen não perdeu um único espetáculo da temporada. Quando a companhia foi embora Andersen já tinha tomado a sua decisão: ia embora também. 
                  Com alguns trocados no bolso e uma carta de recomendação tomou o caminho de Copenhague. A capital dinamarquesa era bem diferente do seu mundo e de seus sonhos. Por diversas vezes tentou aproximação com o mundo teatral, mas não teve êxito. Os atores e empresários que procurou não simpatizavam com sua aparência tímida e desajeitada. O próprio diretor do Teatro Geral disse-lhe que não havia oportunidade para um ator alto, magro e inexperiente como ele. 
                  Em vão, tentou os estudos de balé, mas como bailarino revelou-se uma total negação. Sua lista de tentativas, fracassos e decepções era interminável, mas Andersen não deixou que abatessem seu ânimo. 
                  Sentia-se cada vez mais atraído pelo teatro e insistia em escrever peças. Quando tudo parecia perdido, duas de suas peças chegaram às mãos de Jonas Collin, que era conselheiro do Estado. Finalmente alguém demonstrou interesse e lhe deu uma bolsa de estudos. 
                  Os próximos seis anos seguinte, que foram os mais estáveis de sua vida, passou como estudante na escola de Slagelse. Mesmo ali sentia-se constrangido entre os colegas que eram bem mais jovens que ele. 
                 Apesar do seu  mal estar junto aos colegas, dedicava-se com muito empenho aos estudos. Ao deixar a escola já tinha 22 anos. 
                Mesmo com algum estudo a vida continuava difícil. A crise financeira se aprofundava, mas ele não desistia. Voltou toda a sua energia para a literatura escrevendo algumas histórias infantis, baseadas no folclore dinamarquês. Pela primeira vez em sua vida surgia uma luz no fim do túnel: seus contos fizeram sucesso. 
                Foi neste contesto de adversidade extrema que ele parodiou sua própria vida escrevendo "O Patinho Feio". 
ADAPTAÇÃO DA HISTÓRIA ORIGINAL

               " Um vento frio e impiedoso soprava por toda a parte, derrubando as folhas das arvores  e tangendo as nuvens escuras, carregadas de neve e granizo. Chegava o outono. Tempo cruel para um patinho desprotegido. 
               Certo dia passou pelo céu um bando de grandes aves de pescoço longo, gracioso e plumagem muito branca. Voavam tão alto que dava vertigem de olhá-las. Eram cisnes que rumavam para o sul, em busca de terras mais quentes, deixando para trás a melancolia do inverno que se aproximava. 
              O patinho rejeitado não sabia que aves eram e nem para onde iam. Mas nunca vira nada tão lindo e sentiu por elas uma admiração sem limites. à noite, sonhou fazer parte do bando e ser igual àquelas criaturas fortes e tranquilas.

               O inverno veio rigoroso e demorou a passar. O patinho sofreu terrivelmente. Abrigado entre os juncos de uma lagoa. Durante longos meses ele aguardou o retorno do sol. Por fim, um dia a cotovia cantou e o sol se mostrou por entre as nuvens. Era a primavera chegando. 
               Aliviado, o patinho bateu as asas e notou que elas se moviam com energia e o transportaram facilmente sobre o juncal. Mas a alegria da descoberta terminou de repente, quando surgiram do juncal três formosos cisnes, com sua majestosa plumagem eriçada. A beleza daquelas figuras fez voltar a melancolia do enjeitado. Tinha vontade de juntar-se ao bando, mas não conseguia controlar o medo. Achava que sua feiura os ofenderia. Entretanto, acabou se decidindo; preferia morrer atacado por eles do que viver passando fome durante o inverno, maltratado pelos outros patos, bicado pelas galinha e enxotado pela moça que cuidava do galinheiro.
              Reunindo toda a sua coragem, voou até a água e nadou em direção aos três desconhecidos. Assim que o viram os cisnes vieram ao seu encontro batendo as asas. Resignado à morte, ele esperou de cabeça baixa. Então viu refletida na água a sua própria imagem. Quase não acreditou na visão; não era mais um bicho mirrado, feio e sem graça. Tornara-se grande e muito bonito. Deixara de ser um patinho e tornara-se um belo cisne.  
                 Embora adulto, Andersen encarava o mundo pelo mesmo ângulo que as crianças, e justamente por isso se exprimia numa linguagem ao mesmo tempo atraente e acessível ao espírito infantil. A riqueza de sua imaginação conseguia dar aspectos surpreendente às coisas mais corriqueiras e permitia-lhe criar enredos encantadores a partir de um botão, uma colher ou um soldadinho de chumbo.  
                 Seus contos se divulgaram, dando-lhe finalmente a fama que ela procurara em vão durante tanto tempo. 
                 Tendo começado do nada, Christian Andersen transformara-se uma personalidade aclamada em toda a Europa. Seus contos percorriam o mundo. Quando regressou ao seu país, vinha carregado de glória e sua chegada foi festejada pela Dinamarca inteira. 
                 Só após toda uma vida de luta contra a solidão, o frio e a fome, Andersen se viu cercado de amigos. E foi entre eles que morreu em 1875, quando tinha setenta anos de idade. 
                 A vida de Christian Andersen é um exemplo de perseverança e dedicação a uma causa de amor à arte e a literatura. Ele nos mostrou que para sermos entendidos precisamos falar a linguagem dos nossos ouvintes. 
                Pense nisto, nunca desista e deixe que o tempo mostre ao mundo o cisne que existe em você. 
Nicéas Romeo Zanchett 
LEIA TAMBÉM > AS FÁBULAS DE ESOPO

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

AS VIAGENS DE GULlIVER - LEIS ABSURDAS E BRIGAS INÚTEIS

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Adaptação : Nicéas Romeo Zanchett
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                  Tudo começa com a viagem do Capitão Gulliver que acabou em naufrágio. Logo apos ele foi arrastado para uma ilha chamada Lilliput, cujos habitantes eram extremamente pequenos e estavam constantemente em guerra por futilidades. 
                 Foi baseada nessas futilidades dos lilliputianos que o autor, Jonathan Swift demonstrou a realidade inglesa e francesa da época. 
                 Com o naufrágio, o Capitão Gulliver, capturado pelos lilliputianos, foi obrigado a fazer trabalhos forçados para seus minúsculos, mas ferozes carcereiros. O que não o impedia de manter conversações amenas com o rei daquele povo pequenino e obstinado. 
                 Depois de alguns trabalhos foi obrigado a se engajar na luta armada da guerra que acontecia entre os dois povos lilliputianos, governados por pequenos reis que se trucidavam a vinte séculos. Apesar de pequeninos no tamanho, os guerreiros de cada exército eram cruéis, matavam a sangue frio, não respeitavam nenhuma daquelas leis que, mesmo nas piores contendas, presidiam os fatos bélicos. 
                 Uma tarde, enquanto descansava do árduo trabalho que teve para empurrar toda a esquadra, Gulliver deitou-se num canto para dormir. Não conseguiu adormecer pois tinha à sua frente centenas de anõezinhos guerreiros se matando, velhos, crianças e mulheres estripados, uma imagem torturante. Então Gulliver foi pedir ao rei que parassem com aquela besteira. "-Não podemos parar," - disse o rei -"a nossa guerra é secular e só poderá ter fim quando um povo destruir o outro.". Então Gulliver quis saber do rei quais as razões daquela guerra que durava tantos séculos. O rei explicou: -"O meu povo, todas as manhãs, come ovos cozidos e os quebra pela parte de cima. O outro povo também come ovos cozidos todos os dias, mas quebra pela parte de baixo. Ora, isso é um insulto, um crime! A vinte séculos que lutamos para castigar este agravo nefando!"
                  Diante  da justa explicação, Gulliver teve de admitir que havia um motivo, que embora fosse banal para ele, era importante para homens daquele tamanho. Ja ia se retirando da presença do rei  quando lhe veio uma nova pergunta à cabeça: - Majestade, se o problema é apenas quebrar os ovos pela parte de baixo ou de cima, porque não fazem uma lei regulamentando definitivamente o assunto? - "Mas a lei existe e está em vigor à séculos! Faz parte da nossa Constituição! É justamente porque nosso inimigo não respeita a Constituição que vivemos em guerra!". 
                 - E o que diz a lei? - perguntou Gulliver. 
                 Dando ênfase a cada silaba, o rei citou o trecho do Dispositivo Constitucional número 1 que vigorava e era desrespeitado à vinte séculos. - "Os o-vos-de-vem ser que-bra-dos pe-lo la-do certo! Essa é a lei, o Dispositivo maior de nossa Constituição. Todas as manhãs os ovos devem ser quebrados pelo lado certo e não pelo errado. Há alguma dúvida sobre a necessidade e justiça de nossa guerra?"
                 Para aqueles anõezinhos Gulliver não passava de um desmiolado gigante, incapaz de entender o que é vergonha, moral, ética e compostura. 
MORAL DA HISTÓRIA
            As mesmas coisas podem parecer sem importância para alguns, mas é importante para outros; depende do ponto de vista de cada um. Por essa razão é importante saber ouvir e respeitar as opiniões dos seus semelhantes. 
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NOTA FINAL: Em nome de movimentos religiosos, ideológicos e democráticos, muitas leis absurdas são criadas; algumas respeitadas, mas inúteis e até incentivadoras de violência entre os povos. O pensamento de duas pessoas já é um universo de diferenças. Imaginem quando se cria leis para diferenciar seres da raça humana. Não é é a cor, a crença religiosa ou a escala social que deve servir de parâmetro para classificar os seres humanos. 
               As divergências políticas ou religiosas são democráticas e não devem gerar ódio. Mas muitos políticos populistas e fanáticos, em seus discursos inflamados para angariar apoio, votos e poder, jogam pobres contra ricos, crentes contra crentes e negros contra brancos. Isso é lamentável. 
               O artigo quinto da Constituição brasileira diz que todos somos iguais perante a lei; será que somos? - Pense nisso! 
Nicéas Romeo Zanchett