A FILHA DO REI NO CASTELO ENCANTADO
Contos Antigos
Por
Nicéas Romeo Zanchett
Havia na Europa, um poderoso rei que tinha três filhas; todos eram lindas, mas a mais nova, chamada Psique, era de rara formosura. Quando ela passava pela rua todos a cobriam de flores.
Chegou o dia em que ela deveria casar-se. Suas duas irmãs, que não eram tão belas, já haviam casado, mas nenhum jovem se atrevia se aproximar dela. O rei recebeu o aviso de uma fada que lhe disse:
- Deve leva-la para uma montanha onde há um castelo encantado, e lá deixa-la sozinha para que nada de mal lhe aconteça, pois ela corre risco de morte por ser muito bela.
Quando tomou conhecimento desse fato o rei não gostou, pois amava todas as suas filhas e queria tê-las sempre por perto.
Os moradores do reino também ficaram preocupados com o destino da princesa.
- Oh! se isso acontecer, a nossa querida Psique vai ser sacrificada.
Todos diziam que ela era mais bela que a própria Vênus da Grécia. E olha que esta era considerada a deusa da beleza.
Quando soube do que diziam, Vênus ficou irritadíssima. Ela tinha um filho chamado Cupido ; mandou-o vir à sua presença e deu-lhe uma ordem; deveria ir àquele reino e casar Psique com o homem mais feio da terra. Como todos sabem ninguém consegue resistir uma flechada de cupido; todos que passaram por isso se apaixonaram perdidamente pela pessoa que, naquele momento, estava em sua companhia.
Mas o rei, temendo pela felicidade de sua filha, acabou concordando e Psique foi conduzida para a montanha, onde deveria ficar escondida.
Quando já estava lá, soprou um vento mágico que a conduziu para um lindo palácio, onde ficou aos cuidados de bons espíritos invisíveis que tocavam melodias encantadoras e lhe serviam deliciosos manjares.
À noite, quando Psique já estava dormindo, o Cupido foi até lá cumprir as ordens de sua mãe. Mas quando estava junto dela descuidou-se e acabou ferindo-se com a ponta de sua flecha; imediatamente apaixonou-se por Psique. Então ela começou a ouvir palavras cheias de ternura e amor. Ficou tão encantada que concordou em ser a esposa daquele homem que as pronunciava ao seu ouvido.
Ele lhe disse:
- Psique, podes viver como mais te agradar neste palácio que construí para ti, mas tenho uma condição: que nunca queiras ver o meu rosto.
Ela concordou e então casaram-se, mesmo sem seu pai saber.
Na imaginação de Psique, seu esposo era muito feio, mas era tão terno e amável que apaixonou-se por ele, mesmo sem poder vê-lo. No entanto, só aparecia de noite. Assim, Psique, passava os dias sozinha e sentia muita solidão.
Numa certa ocasião, um vento mágico levou até ela as suas duas irmãs. Elas tinham inveja de Psique e souberam que, por ordem de Vênus, o Cupido a tinha feito casar com um monstrengo. Queriam ver se era mesmo verdade.
Foram ter com sua irmã e lhe disseram:
- Todos dizem que seu marido é um monstrengo; é por isso que ele não quer que vejas seu rosto.
No noite seguinte, Psique quis saber a verdade; acendeu uma lamparina e foi olhar o rosto do seu marido enquanto este dormia. Viu que era o próprio Cupido, o espírito alado e radiante de amor. Ficou tão feliz que, ao levantar bem alto a lamparina, deixou cair uma gota de azeite quente em seu rosto, despertando-o imediatamente.
- Que pena Psique! exclamou o jovem. Teremos de nos separar, pois agora minha mãe ficará sabendo que me apaixonei por ti e descumpri sua ordem de casá-la com um monstro. Adeus!
E imediatamente abriu as asas e fugiu voando.
Na manhã seguinte, muito triste, Psique tomou coragem e resolveu procurá-lo.
Depois de muito vagar pelo mundo chegou finalmente ao palácio de Vênus, onde se propôs a ser uma criada. Mas Vênus já sabia de tudo e deu-lhe os trabalhos mais terríveis para fazer. Era uma forma de vingar-se e fazendo-a morrer de tanto trabalhar.
No entanto, Psique era sempre muito boa com todos que a conheceram; vivia muito só e seus companheiros lhe tinham muita pena. Para amenizar sua dor, passaram a ajudá-la com suas difíceis tarefas.
Vênus ficou sabendo de tudo e traçou um outro plano para vingar-se.
- Toma este cofrinho de ouro, disse-lhe ela; leva-o à rainha dos mortos e peça-lhe que o encha com a poção mágica da beleza.
Psique já sabia que ninguém conseguia voltar da terra dos mortos e no desespero subiu a uma torre de pedras, bem alta, para de lá atirar-se ao chão e morrer; mas as próprias pedras, tomadas de compaixão por ela, disseram-lhe:
- Não fique desesperada. Acharás um caminho que a levará até a terra dos mortos pela montanha azulada. Vá até lá, mas deve levar duas moedas de cobre na boca e duas tortas de mel nas mãos.
Psique assim o fez, cheia de esperança. Depois de muito caminhar chegou à terra dos mortos. Lá encontrou um barqueiro que a fez atravessar o rio da morte, e pelo trabalho recebeu uma das moedas de cobre.
Em seguida, continuando sua caminhada, encontrou um cão horrível que tinha três cabeças; mas ela lhe deu uma torta de mel e este a deixou passar livremente.
Chegou finalmente à rainha dos mortos. Explicou-lhe as razões que a tinham levado até ali. Esta imediatamente encheu o potinho de ouro com a tal poção e, em pagamento, Pisque deu-lhe a outra moeda de cobre e a torta de mel que trouxera. A rainha dos mortos ficou muito feliz e comovida, mas não disse nada, deixando que Psique voltasse a ter com Vênus.
Com o cofrinho de ouro cheio de poção da beleza, por curiosidade, Psique abriu o estojo para ver o que seria a tal poção. Era exatamente isso que Vênus esperava. O estojo estava cheio de vapores venenosos, os quais envolveram todo o rosto de Psique fazendo-a desmaiar; mas Cupido, que a tinha seguido, foi imediatamente em seu socorro; e dissipando todos os vapores do rosto da jovem, tomou-a nos braços e levantou voo com ela. Juntos voaram por muito tempo, até chegarem à Terra da Imortalidade, e ali viveram felizes para sempre.
Nicéas Romeo Zanchett
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