A MOSCA VAIDOSA E A FORMIGA
Por Nicéas Romeo Zanchett
A vaidade sempre foi um mal de quem, no fundo, está frustrado.
Houve uma mosca muito vaidosa que se vangloriava de ter tudo sem precisar trabalhar. Ela olhava a formiguinha trabalhando o tempo todo sem ter atenção dos outros e nem cuidar da própria beleza.
- Você, nem de longe, pode comparar-se a mim; nem voa, e eu vou rapidamente a qualquer lugar e sem o menor esforço; entro na casa que quiser, inclusive palácios e mansões reais; saboreio as melhores refeições, antes mesmo que os próprios donos o façam; pouso no colo das donzelas e até na cabeça de rainhas. Portanto, vivo sem trabalhar e aproveito o que há de melhor no mundo. E então, o que me diz, trabalhadeira imbecil?
- É verdade, senhora Mosca; a senhora tem lá suas vantagens por poder voar e ter tempo para fazer oque quiser; mas eu jamais iria a algum lugar, como intrusa, sem ser convidada. Se a senhora frequenta palácios e mansões, sempre o faz furtivamente, porque se alguém a vê pousada em qualquer parte, trata logo de expulsá-la. Eu vejo que se refere desrespeitosamente a reis e donzelas, e sem a menor delicadeza. Isso que estou dizendo é a mais pura verdade, portanto, nem tente convencer-me a fazer do que a senhora faz. Eu vou continuar assim, trabalhando sempre, porque é assim que me sinto feliz. Quando o inverno chegar estarei tranquila porque tenho minhas provisões guardadas. Já a senhora, sendo desleixada desse jeito, é lógico que não se dará bem, não terá o que comer; eu até já lhe vi comendo esterco. Depois, quando o frio aumentar, a senhora morrerá de fome e enregelada. Eu, muito ao contrário, no inverno me recolho à minha casa, e ali fico, agasalhadinha e quente, sã e salva, com muitas coisas boas para comer. Que tem você a dizer agora? ...
MORAL DA HISTÓRIA
Contra fatos não há argumentos, e a mosca vaidosa retirou-se sem dizer mais nada.
Nicéas Romeo Zanchett
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