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Adaptação : Nicéas Romeo Zanchett
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Tudo começa com a viagem do Capitão Gulliver que acabou em naufrágio. Logo apos ele foi arrastado para uma ilha chamada Lilliput, cujos habitantes eram extremamente pequenos e estavam constantemente em guerra por futilidades.
Foi baseada nessas futilidades dos lilliputianos que o autor, Jonathan Swift demonstrou a realidade inglesa e francesa da época.
Com o naufrágio, o Capitão Gulliver, capturado pelos lilliputianos, foi obrigado a fazer trabalhos forçados para seus minúsculos, mas ferozes carcereiros. O que não o impedia de manter conversações amenas com o rei daquele povo pequenino e obstinado.
Depois de alguns trabalhos foi obrigado a se engajar na luta armada da guerra que acontecia entre os dois povos lilliputianos, governados por pequenos reis que se trucidavam a vinte séculos. Apesar de pequeninos no tamanho, os guerreiros de cada exército eram cruéis, matavam a sangue frio, não respeitavam nenhuma daquelas leis que, mesmo nas piores contendas, presidiam os fatos bélicos.
Uma tarde, enquanto descansava do árduo trabalho que teve para empurrar toda a esquadra, Gulliver deitou-se num canto para dormir. Não conseguiu adormecer pois tinha à sua frente centenas de anõezinhos guerreiros se matando, velhos, crianças e mulheres estripados, uma imagem torturante. Então Gulliver foi pedir ao rei que parassem com aquela besteira. "-Não podemos parar," - disse o rei -"a nossa guerra é secular e só poderá ter fim quando um povo destruir o outro.". Então Gulliver quis saber do rei quais as razões daquela guerra que durava tantos séculos. O rei explicou: -"O meu povo, todas as manhãs, come ovos cozidos e os quebra pela parte de cima. O outro povo também come ovos cozidos todos os dias, mas quebra pela parte de baixo. Ora, isso é um insulto, um crime! A vinte séculos que lutamos para castigar este agravo nefando!"
Diante da justa explicação, Gulliver teve de admitir que havia um motivo, que embora fosse banal para ele, era importante para homens daquele tamanho. Ja ia se retirando da presença do rei quando lhe veio uma nova pergunta à cabeça: - Majestade, se o problema é apenas quebrar os ovos pela parte de baixo ou de cima, porque não fazem uma lei regulamentando definitivamente o assunto? - "Mas a lei existe e está em vigor à séculos! Faz parte da nossa Constituição! É justamente porque nosso inimigo não respeita a Constituição que vivemos em guerra!".
- E o que diz a lei? - perguntou Gulliver.
Dando ênfase a cada silaba, o rei citou o trecho do Dispositivo Constitucional número 1 que vigorava e era desrespeitado à vinte séculos. - "Os o-vos-de-vem ser que-bra-dos pe-lo la-do certo! Essa é a lei, o Dispositivo maior de nossa Constituição. Todas as manhãs os ovos devem ser quebrados pelo lado certo e não pelo errado. Há alguma dúvida sobre a necessidade e justiça de nossa guerra?"
Para aqueles anõezinhos Gulliver não passava de um desmiolado gigante, incapaz de entender o que é vergonha, moral, ética e compostura.
MORAL DA HISTÓRIA
As mesmas coisas podem parecer sem importância para alguns, mas é importante para outros; depende do ponto de vista de cada um. Por essa razão é importante saber ouvir e respeitar as opiniões dos seus semelhantes.
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NOTA FINAL: Em nome de movimentos religiosos, ideológicos e democráticos, muitas leis absurdas são criadas; algumas respeitadas, mas inúteis e até incentivadoras de violência entre os povos. O pensamento de duas pessoas já é um universo de diferenças. Imaginem quando se cria leis para diferenciar seres da raça humana. Não é é a cor, a crença religiosa ou a escala social que deve servir de parâmetro para classificar os seres humanos.
As divergências políticas ou religiosas são democráticas e não devem gerar ódio. Mas muitos políticos populistas e fanáticos, em seus discursos inflamados para angariar apoio, votos e poder, jogam pobres contra ricos, crentes contra crentes e negros contra brancos. Isso é lamentável.
O artigo quinto da Constituição brasileira diz que todos somos iguais perante a lei; será que somos? - Pense nisso!
Nicéas Romeo Zanchett
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